Tinta rebuscada

As palavras são conhecidas e entrelaçam-se na dança eterna do salão das páginas. Salão atrás de salão lá saltitam elas, formam pares dão-se ao amor, à revolta e à mágoa. Folheia os salões e tens livros. Esses, os teus amigos de longa data. Tão velhos quanto tu, e mesmo assim tão novos como só tu te conheces. Cheiram a páginas gastas e tem rugas, mas sabem-te de cor. Crescem contigo e fazem-te crescer ou esperam contigo na esquina da reminiscência enquanto te deleitas em memórias infantis. Esses nunca te abandonam e ficam-te enterrados no coração. Bem lá no fundo, na gaveta da memória. E de vez em quando saltam à vista só para te lembrar que ainda lá estão e sentem a tua falta. A mim, dizes-me tanto que se fosses de papel todos os dias te guardava nos braços.